Ah, a vida, eis a vida...
Palco do encontro mais complexo
Entre mim e mim mesmo, desconexo
Propósito de viver a meu favor e contra:
Querer e não poder, ao mesmo tempo afronta
Conceitos de uma moral de vil padrão convexo.
Ah, a gente, eis a gente...
Palco do encontro, sórdida tentativa
De unir, em hipocrisia, a disputa mais mórbida
Que em mim e em ti, é norma de fatal sobrevivência:
Viver e conviver em simultânea, limpa e sã veemência
A absoluta impossibilidade desta ordem fétida e límpida.

Ah, o mundo, eis o mundo...
Palco desses palcos de tantas desarmonias
Quase a não suportar o peso de tamanhas ironias
A vagar no universo, ao léu, de um rumo incerto:
Obrigado à onisciência de que seja longe ou perto
Abrigar os eternos desafetos de nossas míseras utopias