José Aldyr Gonçalves

Escritos de ontem, de hoje e de amanhã...

Textos

A MELANCOLIA DOS FUNERAIS
Eu sempre achei estranhos os funerais
Que, há muito vi, com curiosidade e medo
Daqueles que se vão tarde ou cedo
E seguem todos p'ra não voltar mais

Eu não teria a bravura do Augusto
Dos Anjos que transforma víscera em versos
E assim da morte em aspectos diversos
Se decompõe, compondo-os sem susto

Vejo o caixão sombrio transportado
Como se fosse um trem final sem brilho
Que flutuando à uma estrada sem trilho
Leva a esperança de um ser finado

Semblantes tristes são acompanhados
De tenebrosa e vã melancolia
Pois sabem, enfim, concluem que ali um dia
Querendo ou não, serão todos levados

Chega o cortejo rodeado de mistério
Escorre a lágrima irmã de um rosto amigo
Eu, pensativo, curioso e estranho, sigo
A contemplar as dimensões do cemitério.

E no ápice melancólico desse ato
A ansiedade material da cova aberta
Como se fosse a única coisa certa,
Engole o corpo, consumando o fato.


Este poema foi fruto da inspiração da leitura, no ano de 2003,  de "Eu e outras poesias" do ilustre paraibano Augusto dos Anjos.

josealdyr@gmail.com
JOSÉ ALDYR GONÇALVES
Enviado por JOSÉ ALDYR GONÇALVES em 30/11/2009
Alterado em 20/06/2019


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